Sabia que ir para Lisboa requereria um grande esforço financeiro da minha mãe, mas mesmo assim ela apoiou-me e incentivou-me a ir.
Sabia que iria ter de ser (mais) poupada. Sabia que não poderia andar a comer fora todos os dias ou sequer todas as semanas, em saídas ou a comprar roupa ao desbarato.
Sabia que ia lá para estudar! E escrevo lá porque estou a escrever este post em Tavira.
Lisboa era o meu sonho, e eu consegui. Mas também sabia que ir estudar para Lisboa implicava voltar atrás no meu curso. Tive de me matricular no 1º ano, quando em Beja estaria a entrar para o 3º este ano lectivo. Nunca pensei não pedir equivalências.
Pedi-as na primeira semana de aulas. E sempre tive medo. Medo que me dessem poucas equivalências e que tivesse mais uma vez de começar quase tudo do zero.
Na Quinta-feira passada fui aos serviços académicos perguntar pelas minhas equivalências, uma vez que já estava a perder imensa matéria das cadeiras do 1º semestre do 2º ano, pois as aulas já começaram há um mês.
A senhora disse-me que não era nada oficial mas já sabiam, só falta a assinatura do concelho. Deram -me 76,5 créditos, o que equivale a ano e meio de curso mais coisa menos coisa. Fiquei contente.
O que se seguiu é que foi pior… O valor que eu teria de pagar… Sempre achei que não era assim tão caro. Que pagaria um valor por cadeira. Mas não… São 5€ por CADA crédito dado. O que no meu caso equivale a 382,50€. Paniquei!!
Fui para casa conversar com a minha mãe. Tentar perceber o que ela acharia melhor eu fazer. Se pagar e ficar só a fazer o que me falta, se começar de novo do zero e não ter de pagar mais quase 400€ para além das propinas, matrícula, e casa. Chegámos à conclusão que era melhor pagar. Mas desde que soube desta notícia que nunca achei justo ser a minha mãe a pagar-me este valor tão elevado. Fui eu que quis mudar de cidade, de faculdade, de tudo…. Ela não tem literalmente de pagar pelos meus actos.
Mas onde é que eu iria agora de repente arranjar 382,50€? A minha mãe disponibilizou-se para me dar TODO o dinheiro que a minha avó lhe deu como prenda de aniversário mas eu disse que não.
Este fim-de-semana vim a casa e tinha de arranjar uma solução.
Há muito tempo falei aqui no blog de um mealheiro que comecei e que apenas abriria quando estivesse cheio. Todas as semana tentei lá pôr dinheiro. E sempre notas, moedas de 1€ e 2€. Comecei esse mealheiro com o intuito de ir fazer um cruzeiro pelas ilhas gregas. E estava mesmo lançada para apenas o abrir para esse propósito e quando estivesse cheio.
Não deu, hoje achei que era o dia. Eu tinha de conseguir pagar a situação onde me meti. Pedi à minha mãe para o abrir comigo e acreditem ou não, estava a tremer. Não sei porquê, mas estava. Talvez com medo que o dinheiro fosse pouco e tivesse de pedir na mesma à minha mãe. A verdade é que não tinha os 382,50€ mas está bem perto disso e foi um alívio imenso para mim. Acho que me saiu um peso de cima.
Tudo isto para dizer que apesar de muitos acharem que não sei o que é fazer esforços, estão enganados. Sei, e sei que a minha mãe não tem de acarretar com todos os meus sonhos, desejos, maluqueiras. Fiquei sem todo o dinheiro que tinha amealhado, mas fiquei sem ele para algo que eu quero. E para algo meu que me faz feliz.
Agora começa-se outro mealheiro. Daqui a uns tempos tenho o mesmo que gastei agora. Pensar positivo 🙂
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